Tuesday, February 21, 2006

.P.A.L.A.V.R.A.S.

Mais um da série delivery. Poeminha pobre, assim como elas, feito em tempos atrás mas que retoma sua importância hoje.

Damos a palavra a alguns
Damos ela a outros
A quem nos interessar
Conseguir algum troco

Vendemos, alugamos,
emprestamos, devolvemos
para que ganhamos
tudo que queremos

Conquistamos amores
Ganhamos dinheiro
Viramos amadores
nos destituindo inteiros

Sunday, February 19, 2006

Ao meu pai e minha avó.

Poeminha expresso, nem ficou tão mau...


Como é ter e ser e ser e não ter?
Por medidas descabidas de apego
À coisas recônditas e floridas
Por muitas vezes vem feridas
Ao lar onde estou

Me induzi por caminhos finitos
Coisas de um desatino da vida
Que levou tudo que queria e ria
Para um lugar que não encontraria
Coisa parecida

Tentei, tento e tentarei por um
Intento da saudade recuperar tudo
Depois que você voltar, hei colocar
Num frasco chumbado de aço, lacrado
Como meu coração

Tornou-se quase que inviolável esse ser
Que não edifica nada antes de destruir
Tudo que venha a se tornar algo maior
Do que aquilo que me fez construir

Friday, February 10, 2006

Meu Drama [Senhora tentação]

(Silas de Oliveira e Joaquim Ilarindo)

Sinto abalada minha calma
E embriagada minh’alma
Efeito da tua sedução
Oh! Minha romântica senhora tentação
Não deixes que eu venha sucumbir
Neste vendaval de paixão

Jamais pensei em minha vida
Sentir tamanha emoção
Será que o amor por ironia
Deu-me esta fantasia
Vestida de obsessão?

A ti confesso que me apaixonei
Será uma maldição?
Não sei...

na voz de Cartola


Por momentos raros vemos nossa razão, segurança e reações solapados por nossas emoções. Perdemos o controle de tudo e nem nos resta nenhuma explicação, nada fica coerente, nem nossos cabelos despenteados, nossos dedos entrelaçados, nossas palavras equivocadas, nossos sorrisos desvairados. Tornamo-nos refém de nós mesmos, nos amedrontamos com nossos pensamentos fixos, nossas atitudes contraditórias, nossa segurança tolhida, nossas vidas ao acaso, como o arroubo que é perder o controle do seu próprio carro, embrenhamo-nos em caminhos desconhecidos e traiçoeiros sem saber nosso destino, nunca saberemos se chegaremos a salvo. Mas nada disso importa ou é tudo o que importa, pois do que será a paixão sem surtos de insanidade e um coração amaldiçoado?

Monday, February 06, 2006

Rejeição e suas vertentes

rejeitar1 [Do lat. rejectare.]V. t. d.
1. Lançar fora; largar, depor: 2. Lançar de si; tirar de si; repelir: 3. Lançar de si; expelir; vomitar, regurgitar: 4. Não admitir; recusar: 5. Não aprovar; reprovar, desaprovar: 6. Não aceitar; recusar: 7. Ter em pouca ou nenhuma conta; desprezar, desdenhar: 8. Defender-se de; repelir: 9. Opor-se ou negar-se a: 10. Atirar, arremessar, lançar, arrojar:


Até bem pouco tempo a rejeição era o pior sentimento que eu já havia experimentado, ter sua existência negada, anulada por alguém a quem você considera e relega inversamente é doloroso e às vezes fatal. Infelizmente a nossa necessidade de aceitação não obedece a razões e nem é premeditada, pra falar a verdade parece que na maioria das vezes buscamos o inatingível e utópico, pessoas que nunca terão o mínimo interesse por nossas pessoas. Em outras situações somos rejeitados por pessoas de quem esperávamos o mínimo de consideração, pai, mãe, etc. Não importa o contexto, em ambos o trauma pode ser grande, no entanto a partir desse é possível reconstituirmo-nos e cantarmos “I will survive” de preferência ao ritmo de Cake.

No entanto outro dia eu senti algo pior, algo muito mais abominável que não ser bem quisto pela pessoa querida, interessante que ainda não conheço uma palavra, uma definição para algo tão aterrador, talvez ainda não tenha sido criada uma palavra para esse sentimento para pouparmo-nos de relembrar ou saber da existência de algo tão funesto. Ter a dúvida quanto ao que o ente querido sente por você é o pior dos mundos, não saber se você é aceito, amado ou execrado e invalidado nos renega a um universo onde não há chão, espaço e concepção, nos perdemos não só em nós como no outro, tudo se torna vago e indistinto nos restando um vazio, um nada que nunca será preenchido, pois nunca haverá súplicas de amor ou objeções de reprovação para seguirmos adiante, é como ouvir eternamente e repetidamente “quizás”, da voz do próprio Osvaldo Farres, e pedir lamuriosamente que ela “Walk Away” (Franz Ferdinand).


Fontes de inspiração:
Filmes - Amor à Flor da Pele, 2046 (Wong Kar Wai).
Música – Cake (I will survive), Franz Ferdinand (Walk Away), Osvaldo Farres (Quizás)
e uma pessoa